A dependência ao álcool e outras drogas está associada a uma somatória de diferentes condições de riscos como fatores biológicos, comportamentais e psicossociais. Ambientes de trabalho precarizados, baixa remuneração, poucas garantias, carga horária exaustiva e constante insegurança contribuem para o surgimento e perpetuação dos mais variados tipos de vícios, desde abuso de álcool até drogas ilícitas e jogos de azar.
De acordo com dados do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), em 2023 foram registrados 4,3 mil benefícios por alcoolismo, um aumento de 19,5% em relação ao ano anterior, quando 3,6 mil benefícios foram concedidos.
Entre as categorias mais vulneráveis estão os caminhoneiros e motoristas, obrigados a cumprir jornadas extenuantes para atender prazos apertados. Segundo o pesquisador e coordenador do programa SOS Estradas Rodolfo Rizzotto, 20% dos 11,5 milhões de condutores das categorias C, D e E usam drogas regularmente.
Dados do exame toxicológico obrigatório revelam que mais de 70% dos laudos positivos entre esses profissionais apontam para o consumo de cocaína. Também são frequentes os testes positivos para opioides, como oxicodona, morfina e fentanil, além do uso generalizado das anfetaminas, popularmente conhecidas como “rebites”.
Trabalhadores vulneráveis e o uso de drogas
A relação entre a ausência de condições dignas de trabalho e o consumo de substâncias tóxicas não é casual. Estudos revelam que transtornos como burnout e depressão, diretamente relacionados ao ambiente laboral inadequado, são fortes impulsionadores do uso abusivo de álcool e outras substâncias, utilizadas pelos trabalhadores como mecanismo de enfrentamento à pressão psicológica e física decorrente da precarização do trabalho.
De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021, o SUS registrou 400,3 mil atendimentos a pessoas com transtornos mentais e comportamentais causados pelo uso de álcool e outras drogas. A maior parte dos pacientes é do sexo masculino com idade de 25 a 29 anos.
Esses dados representam apenas uma parte visível do problema. Muitos trabalhadores em situação vulnerável, como informais, sequer chegam a ser identificados ou assistidos pelos programas sociais e de saúde do país.
Nesse contexto, a responsabilidade das empresas em melhorar as condições de trabalho torna-se ainda mais urgente. Estruturas que garantam um ambiente saudável, com jornadas reguladas e remuneração adequada, contribuem significativamente para a redução dos vícios.
A fiscalização eficaz e ações concretas de prevenção, apoiadas por políticas públicas robustas, são essenciais para reverter esse cenário preocupante e assegurar o bem-estar físico e mental dos trabalhadores brasileiros.
Fonte: Geração T – Fase 2
UGT/SEC-BG