Apesar dos avanços, pessoas com deficiência (PcDs) continuam enfrentando barreiras no mercado de trabalho. Segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua/IBGE – 2022), o Brasil tem hoje 18,6 milhões de pessoas com deficiência. Ainda assim, a presença dessas pessoas no mundo do trabalho ainda é um desafio.

Um estudo conduzido pela consultoria Coexistir, em parceria com Talento Incluir, Instituto Locomotiva, iO Diversidade e Pacto Global, revela um cenário preocupante:

  • Mais de 60% das pessoas com deficiência nunca foram promovidas, mesmo após mais de três anos de atuação na empresa;

  • 84% não ocupam cargos de liderança;

  • Apenas 12% estão em funções mediadoras, como gerência ou supervisão;

  • E apenas 2% ocupam posições como diretor(a), vice-presidente ou presidente.

Os dados revelam um limite estrutural para o crescimento profissional dessa população, que permanece concentrada em postos operacionais e longe das decisões estratégicas.

Outro obstáculo apontado na pesquisa é o estigma persistente, que atinge não apenas pessoas com deficiência física, mas também aquelas com transtornos como o Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Muitas ainda são vistas como menos capazes, o que contribui para o preconceito e a estagnação profissional.

A Lei de Cotas, embora tenha sido fundamental para abrir portas, ainda não foi suficiente para transformar a cultura organizacional das empresas. Segundo o levantamento, 58% das pessoas com deficiência ingressaram no mercado formal por meio dessa iniciativa. No entanto, a permanência, o crescimento e o reconhecimento dentro das empresas continuam sendo desafios.

As barreiras de acesso são muitas: desde falta de acessibilidade física e comunicação adaptada até recrutamentos excludentes e ambientes hostis. Inclusão não é apenas contratar, mas oferecer oportunidades reais de crescimento, segurança, respeito e dignidade.

Num cenário em que se fala tanto sobre diversidade e inclusão, a realidade mostra que as PcDs ainda estão sendo tratadas como estatística para cumprimento de metas, e não como profissionais com potencial.

Falar sobre isso é urgente. A pauta da inclusão precisa sair dos discursos e se tornar prática cotidiana nas empresas. E, nesse processo, o papel dos sindicatos é essencial: fiscalizar, denunciar, propor mudanças e lutar para que o direito ao trabalho digno e inclusivo seja, de fato, garantido.

 

Fonte: GeraçãoT – Fase 2
UGT/SEC-BG