Com o envelhecimento da população, a informalidade crescente e a diminuição do número de contribuintes ativos, o sistema previdenciário do país enfrenta uma verdadeira crise, e quem mais sofre com isso são os trabalhadores.

Dados do Banco Mundial apontam que, se mantido o atual ritmo de reformas e mudanças demográficas, a idade mínima para aposentadoria no Brasil pode chegar a 72 anos em 2040 e a 78 anos em 2060.

Essa perspectiva indica que o sonho de se aposentar pode deixar de ser uma possibilidade real para a maioria dos brasileiros, especialmente os de baixa renda e sem vínculos formais de trabalho.

Informalidade e desigualdade: uma conta que não fecha

O trabalho informal segue em ascensão e já representa mais de 39% da força de trabalho brasileira, segundo dados do IBGE de 2024. A informalidade impacta diretamente a Previdência: com menos contribuintes regulares, a arrecadação do INSS diminui, comprometendo o sistema.

Enquanto isso, a idade mínima para aposentadoria continua subindo, criando o que especialistas chamam de “efeito bola de neve previdenciário”. O sistema depende de contribuições que não param de cair, ao mesmo tempo que os requisitos para se aposentar aumentam. Resultado? Mais anos de trabalho, menos chances de aposentadoria digna.

Diante desse cenário, cresce o interesse por alternativas como as “microaposentadorias” — períodos sabáticos não oficiais, em que trabalhadores tentam fazer pausas para preservar a saúde física e mental.

A ideia, já comum entre jovens de classes médias e altas, ainda é vista como privilégio de poucos. Para a maior parte da população, a única pausa possível ainda vem por motivos de saúde, muitas vezes após episódios de burnout.

Crise também atinge quem está sob regime CLT

A reforma da Previdência, a precarização das relações de trabalho e o adiamento da idade mínima para aposentadoria impactam diretamente os trabalhadores com carteira assinada.

Apesar de parecer um assunto distante para boa parte dos trabalhadores jovens, o futuro da aposentadoria depende diretamente do número de contribuintes ativos no presente. A redução de vínculos formais — especialmente entre a Geração Z — enfraquece ainda mais o sistema, jogando a perspectiva de aposentadoria para ainda mais longe.

O que está em jogo?

A falta de uma reforma estrutural que enfrente os verdadeiros gargalos da Previdência — como a baixa arrecadação, a desigualdade entre regimes e a informalidade — pode empurrar milhões de brasileiros para uma velhice sem proteção social.

Aposentadoria digna é questão de justiça social, valorização do trabalho e proteção aos direitos de quem move a economia brasileira todos os dias.

 

Fonte: Geração T – Fase 2
UGT/SEC-BG