A novela Vale Tudo, exibida originalmente em 1988, voltou a ser assunto nas redes sociais e está reacendendo discussões sobre ética, corrupção e valores — não só na política ou nos negócios, mas também nas relações de trabalho e no ambiente corporativo.
A trama, marcada por personagens icônicos como Maria de Fátima, Odete Roitman, Raquel e Marco Aurélio, expõe perfis que ainda hoje povoam os bastidores das empresas brasileiras: o trabalhador ético e batalhador, o oportunista que busca atalhos, o chefe tóxico, o profissional invisibilizado e tantos outros arquétipos que seguem vivos no dia a dia do mundo do trabalho.
Esse sucesso da ficção nos ajuda a entender (e questionar) modelos de liderança, desigualdade de oportunidades, desvalorização profissional e saúde mental nas empresas brasileiras.
Acompanhe a leitura e conheça os principais personagens que podem ter tudo a ver com o seu local de trabalho.
Raquel: a trabalhadora resiliente
Assim como Raquel, muitos trabalhadores enfrentam jornadas exaustivas para manter seu sustento, conciliando múltiplas funções e lidando com a informalidade. Segundo o IBGE, mais de 39 milhões de brasileiros trabalham na informalidade, o que significa ausência de direitos básicos, como aposentadoria, 13º salário e licença médica.
A personagem representa a resiliência da classe trabalhadora, mas também expõe uma realidade preocupante: o esforço excessivo e a romantização da superação individual em um sistema desigual.
Odete Roitman: o retrato do chefe tóxico
Arrogância, autoritarismo e desprezo pelos mais pobres foram marcas da empresária interpretada por Beatriz Segall, agora na pele de Débora Bloch. Embora caricata, a personagem reflete o que ainda é comum no trabalho: gestores autoritários e ambientes tóxicos.
De acordo com um estudo do LinkedIn (2023), 40% dos profissionais brasileiros já pediram demissão por causa de más lideranças. Além disso, o relatório “State of the Global Workplace” da Gallup apontou que o Brasil está entre os países com maior índice de estresse no ambiente de trabalho.
A falta de empatia da liderança, cobranças abusivas e ausência de reconhecimento contribuem diretamente para o esgotamento profissional.
Maria de Fátima: ambição sem ética
A busca pelo sucesso a qualquer custo, personificada por Maria de Fátima, encontra eco na cultura empresarial brasileira, na qual muitas vezes o resultado vale mais que o processo. Esse modelo competitivo favorece ambientes corporativos adoecedores, alimentando a cultura do burnout, da sobrecarga e da rivalidade extrema entre colegas.
Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil lidera o ranking de países com maior número de pessoas ansiosas no mundo e está entre os cinco com mais casos de depressão. Boa parte desse quadro está relacionada às condições de trabalho.
Valorização profissional e trabalho digno
A Constituição Federal brasileira garante, em seu artigo 6º, o direito ao trabalho digno. Discutir valores, ética e justiça nas relações de trabalho é um dever de todos que desejam construir um país mais justo e igualitário.
E, como nos ensina Vale Tudo, a pergunta que não cala continua sendo atual: vale a pena ser honesto no Brasil? A resposta é “sim”, e está no fortalecimento dos direitos, na valorização dos trabalhadores e no compromisso coletivo com a transformação.
Fonte: Geração T – Fase 2
UGT/SEC-BG